Terminologia náutica
A terminologia náutica é o idioma das águas, o vocabulário que conecta marinheiros e navegadores em todo o mundo. É uma linguagem rica em expressões específicas, termos técnicos e jargões que se desenvolveram ao longo de séculos de exploração marítima. Essa terminologia é mais do que um conjunto de palavras; é um reflexo da história, da cultura e da precisão necessária para navegar com sucesso pelos mares e rios.
A compreensão da terminologia náutica é essencial para aqueles que desejam se aventurar na navegação, seja em veleiros, iates, navios de carga ou embarcações de recreio. Ela permite que os navegadores se comuniquem de forma eficaz, garantam a segurança a bordo e naveguem com confiança em diferentes condições. Neste universo de termos e expressões, você encontrará palavras que descrevem partes da embarcação, direções de vento, pontos cardeais, equipamentos de navegação e muito mais.
As partes de um barco:
Casco –Corpo principal.
Convés – É o plano horizontal principal, que fecha o casco de barcos com comprimento por volta de 12 m – barcos maiores podem ter mais de um convés.
Proa – A parte da frente de um barco.
Popa – A parte de trás de um barco.
Meia-nau – A parte mediana do barco.
Bordos – As laterais de um barco.
Bombordo (BB) – Lado esquerdo, com a proa do barco à nossa frente e a popa atrás.
Boreste ou Estibordo (BE) – Lado direito, com a proa à nossa frente e a popa atrás. Em Portugal, diz-se estibordo.
Obras-vivas –A parte do casco que fica abaixo d'água.
Carena –A superfície das obras-vivas.
Obras-mortas –A parte do casco acima da linha d'água.
Costado –A superfície das obras-mortas.
Amuradas –As laterais internas do costado.
Linha d'água, linha de flutuação – Divisão entre as obras-vivase as obras-mortas; varia conforme o peso da carga do barco.
Amuras, bochechas – As laterais do casco entre a proa e a meia-nau, acima da linha d'água.
Alhetas – Correspondentes às amuras, só que entre a popa e a meia-nau.
Través – O meio do barco, perpendicular à mediania.
Mediania – Linha imaginária que separa boreste e bombordo.
Bico de proa – A extremidade do casco na proa.
Painel ou espelho de popa – A extremidade do casco na popa — em barcos com popa quadrada, é também chamado, normalmente, de espelho de popa.
Verdugo – Friso no costado para proteção lateral e para ocultar a emenda entre o casco e o convés.
Posto de comando – Nos navios, também conhecido como passadiço ou ponte de comando. Nas lanchas, a passagem lateral em volta da superestrutura faz parte do convés principal, e não do passadiço – não confunda!
Tijupá, flying bridge, flybridge, fly – Posto de comando acima do convés principal.
Superestrutura, casario – A construção acima do convés — se houver uma superestrutura na proa, recebe o nome de castelo; na popa, tombadilho. Barcos de lazer não costumam ter nem castelo nem tombadilho, apesar de frequentemente terem superestrutura.
Borda – Linha de união entre casco e convés.
Borda-falsa – Prolongamento do casco acima da borda, existente emalguns tipos de barcos, que serve, principalmente, para evitar a queda de pessoas ou objetos na água.
Casa das máquinas – É o compartimento dos motores, onde normalmente ficam também geradores e outros equipamentos.
Vigias – As janelas no costado e na superestrutura. Podem servir apenas para iluminar ou, também, para ventilar o interior do barco.
Escotilhas – Aberturas no convés que servem à passagem de tripulantes e carga para o interior do barco, além de ventilação e iluminação.
Gaiutas – Um tipo de escotilha, mas com tampa translúcida, como uma claraboia.
Paióis – Armários e quaisquer outros compartimentos destinados a guardar objetos e equipamentos.
Guarda-mancebo – Estrutura de proteção formada por balaústres e cabos de aço fixada na borda.
Púlpito de proa, púlpito de popa – Os guarda-mancebos das extremidades do casco.
Lançador de âncora – Suporte ao qual se fixa a âncora.
Plataforma de popa — Apêndice fixado no casco, para auxiliar no acesso à água. Há também plataformas de proa, que facilitam a subida e descida do píer.
Turcos — Hastes de metal ou de fibra de carbono que servem para pendurar o caíque.
Sanefa — Espécie de cortina para ser fixada em volta da capota do barco, para proteger o cockpit das intempéries.
As estruturas de um barco:
Quilha – Parte principal na estrutura, é comose fosse a espinha dorsal de uma embarcação. Nos barcos de fibra — na verdade, barcos de plástico reforçado com fibra de vidro —, a quilha é fundida na laminação do casco.
Cavernas – As vigas vigas que dão forma ao casco. São colocadas perpendicularmente à quilha, como costelas.
Longarinas – Vigas longitudinais, que seguem paralelas à quilha, cruzando as cavernas. Longarinas e cavernas são, geralmente, fixadas ao casco como um chassi.
Hastilhas – Chapas de reforço junto às cavernas, no fundo do casco.
Vaus – Ligam a parte superior das cavernas de bordo a bordo, para sustentar oconvés.
Pés de carneiro – Colunas presentes em alguns barcos, para apoiar o convés junto com os vaus.
Roda de proa – Prolongamento da quilha na proa.
Talhamar – A superfície frontal da roda de proa.
Roda de popa – Continuação da quilha na popa.
Anteparas – O que, em uma casa, seriam as paredes. Costuma-se laminar as anteparas e o mobiliário junto à estrutura, para aumentar a resistência do casco.
Ferragens:
Âncora, ferro – Peça de aço ou alumínio, composta de haste e uma ou mais "patas", para "unhar" o fundo e segurar o barco no local.
Amarra – Cabo, corrente ou uma combinação de ambos, usada para ligar a âncora ao barco.
Olhal – Alça em forma de anel, geralmente colocada na roda de proa e no espelho de popa.
Hélice – É o responsável pela impulsão do barco. Pode ser de bronze, plástico, alumínio, aço inox ou de uma liga composta por uma mistura de níquel, bronze e alumínio (nibral).Em náutica, o termo é usado no masculino.
Pé-de-galinha – Mancal por onde passa o eixo do hélice, fixado no fundo do casco.
Pé-de-pinto – Mancal com a mesma função do pé-de-galinha, porém menor e instalado à frente dele.
Buzina – Peça oval ou em forma de U, que serve de guia e de proteção para os cabos na borda do barco.
Cabo – Nome para qualquer tipo de corda, exceto a do sino — se houver um a bordo.
Cunho – Amarrador em forma de bigorna fixado ao convés, para prender qualquer cabo.
Espia – Cabo que prender o barco ao cais ou píer.
Gato – Gancho cuja finalidade principal é ser preso a outra peça. Se tiver trava, é chamado de gato com barbela.
Gato de escape – Peça com pino, que permite soltura rápida. É chamado também de manilha de escape.
Manilha – Peça em forma de U ou de ferradura, para ligar dois componentes. Tem um pino rosqueável, chamado de cavirão.
Mosquetão – Composta por uma alça com um pino móvel, para engate e desengate rápido.
Principais medidas de um barco:
Comprimento total (LOA) – Medida do casco, entre a roda de proa (bico de proa) e a roda de popa (espelho de popa). Na Marinha, é chamado de comprimento de roda a roda.
Comprimento na linha d'água – O próprio nome explica. É chamado também de comprimento entre perpendiculares. Plataforma de popa, púlpitos e lançador de âncora não compõem o casco e, portanto, não contam nesta medida.
Comprimento máximo – Corresponde ao casco e seus acessórios, incluindo plataforma de popa, púlpito de proa e lançador de âncora.
Boca – Largura máxima do barco.
Borda-livre, bordo-livre – Distância entre a borda e a linha d'água.Geralmente, é medida na proa e na popa, embora possa ser medida também à meia-nau.
Calado – Distância vertical entre a linha d'água e o ponto mais baixo do casco, com a propulsão. Mas se o calado se referir somente ao casco, não inclui a propulsão.Obs.: devemos considerar o calado por ocasião da leitura do ecobatímetro
Contorno – Medida linear de borda a borda, passando pelo ponto mais largo.Ninguém usa essa medida, mas consta no documento do barco (Título de Inscrição da Embarcação – TIE).
Pontal – Corresponde à soma da borda-livre com o calado.
Deslocamento – O peso do barco. Deslocamento mínimo ou leve refere-se ao peso do barco sem combustível nem pessoas a bordo. Deslocamento máximo é o peso do barco com os tanques cheios e com a quantidade máxima de pessoas embarcadas.
Arqueação – Volume interno do barco.
Tonelagem de arqueação – Corresponde a 2,83 m³ ou 2.830 litros. Não tem nada a ver com peso, mas com a capacidade de carga dos porões dos antigos navios, baseada em quantos tonéis cabiam debaixo do convés. Na prática, não se usa esta medida para nada nos barcos
Direções Relativas:
Sotavento —O bordo do barco protegido do vento.
Barlavento — O bordo do barco exposto ao vento.
Medidas náuticas:
Milha náutica ou milha marítima – Equivale a 1,852 km.
Nó – Representa 1 milha náutica por hora ou 1,852 km/h.
MPH – É a medida comum aos velocímetros dos barcos americanos, que usam milhas terrestres ( 1 milha terrestre corresponde a 1,609 km/h; menor, portanto, que 1 milha náutica).
Tipos de motores:
De popa – É instalado na popa, fora do barco.
Centro-rabeta – O motor fica na popa, mas dentro do porão do barco, com a rabeta (onde vai o hélice*) fixada no espelho de popa. Este tipo de motor geralmente tem versões a gasolina e a diesel.
De centro – Vai dentro do barco, afastado da popa e ligado, no fundo do casco, ao eixo ao qual é preso o hélice, seguido pelo leme.
De centro V-drive – Neste caso, o motor também fica dentro do barco, porém, na popa.
Hidrojato – O motor é acoplado a uma bomba que expele a água em alta velocidade, na popa (como nas motos aquáticas).
Com rabeta de superfície – O motor fica dentro do barco e a propulsão se realiza por meio de uma rabeta em que o hélice trabalha simultaneamente dentro e fora d'água.
Centro-rabeta fixa (pod system) – composta por um motor colocado na popa ou afastado dela e por uma rabeta no fundo do casco.
Rabeta – Pequeno motor estacionário refrigerado a ar, montado em uma bandeja na popa do barco e acoplado a um eixo longo com um hélice traseiro, chamado de rabeta. É comum nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
*Na linguagem náutica, o termo hélice é sempre masculino, assim como manete (que controla o acelerador e as marchas).