Técnicas de sobrevivência pessoal no mar

19/10/2023

Este capítulo foi elaborado para prover uma maior familiarização com diversos tipos de acidentes que podem ocorrer no mar, como encalhe, naufrágio, incêndio, colisão, dano no casco, falha catastrófica nas máquinas e emergências relativas à condições climáticas adversas.

Iremos abordar os seguintes temas:

  • Conhecimento das diversas situações emergenciais que podem ocorrer em uma embarcação.
  • Familiarização com os equipamentos de salvatagem.
  • Como lançar ao mar uma balsa ou jangada de salvatagem.
  • Ações que devem ser tomadas para aumentar a chance de sobrevivência em uma balsa de salvatagem.
  • Familiarização dos equipamentos de uma balsa de salvatagem e sua utilização apropriada.


Tipos de emergências

1. Colisões: representam uma das mais sérias emergências náuticas, envolvendo não apenas danos materiais às embarcações, mas também riscos significativos à vida humana e ao meio ambiente. Colisões podem ser causadas por uma variedade de fatores:

  • Falhas na comunicação, erro humano, navegação inadequada, condições meteorológicas adversas, e problemas técnicos nos sistemas de navegação. 
  • Colisões com objetos que flutuam na superfície, como containers que caem navios, troncos de árvores, redes de pesca, entre outros objetos, também deve ser uma preocupação. 
  • A proximidade de rotas comerciais movimentadas e a visibilidade reduzida em condições de nevoeiro ou tempestade aumentam a probabilidade de tais incidentes. 
  • Para mitigar os riscos, é fundamental que as tripulações mantenham uma vigilância constante, sigam estritamente as regras internacionais para prevenção de abalroamentos (COLREGs), utilizem adequadamente os sistemas de radar e AIS (Sistema de Identificação Automática), e realizem manobras evasivas de forma prudente. 
  • Em caso de colisão, uma resposta rápida e eficiente, incluindo a avaliação de danos, reparos emergenciais, e medidas de resgate, é vital para garantir a segurança dos ocupantes e a preservação do meio ambiente marinho.

2. Incêndio: um incêndio a bordo de uma embarcação pode causar uma série de problemas catastróficos, colocando em risco a integridade da embarcação, a segurança da tripulação e passageiros, e o meio ambiente. Por isso deve-se ter sempre em mente que:

  • No mar não é possível contar com o corpo de bombeiros e será muito difícil conseguir socorro externo imediato.
  • As chamas podem rapidamente se espalhar pelos materiais inflamáveis presentes, danificando sistemas críticos de navegação e propulsão, além de comprometer a estrutura do navio. 
  • O calor intenso pode levar à explosão de tanques de combustível, ampliando a gravidade do incidente. 
  • A fumaça tóxica gerada pelo fogo pode causar asfixia e dificultar a evacuação segura. 
  • Além disso, a necessidade de abandonar a embarcação em alto-mar expõe os ocupantes a riscos adicionais, como hipotermia e afogamento. 
  • A resposta rápida e eficiente, incluindo treinamento conforme descrito no capítulo anterior, o uso adequado de extintores e sistemas de supressão de incêndio, é essencial para mitigar esses riscos e garantir a segurança de todos a bordo.

3. Naufrágio: naufrágios resultam na perda total ou parcial de uma embarcação. As principais causas são: 

  • Erros humanos, como falhas de navegação, decisões inadequadas e negligência, são frequentemente fatores críticos. 
  • Condições climáticas adversas, incluindo tempestades severas e mar agitado, podem sobrecarregar a capacidade da embarcação de se manter à tona. 
  • Colisões com outras embarcações ou com obstáculos submersos, como recifes e icebergs, também são causas comuns de naufrágios. 
  • Problemas técnicos, como falhas no casco, vazamentos e defeitos mecânicos, podem levar a uma perda de flutuabilidade. 
  • Excesso de carga ou uma distribuição inadequada do peso a bordo pode comprometer a estabilidade da embarcação. 
  • Para mitigar esses riscos, é essencial seguir rigorosamente os protocolos de segurança, manter a manutenção adequada das embarcações e treinar regularmente a tripulação para lidar com emergência.

4. Encalhe:  o encalhe de embarcações ocorre quando um navio ou barco fica preso em um banco de areia, recife, ou fundo rochoso, e é uma das principais causas de acidentes marítimos. As principais causas de encalhe incluem:

  • Falhas na navegação, como erros de cálculo na rota ou interpretação incorreta de cartas náuticas. 
  • Condições meteorológicas adversas, como neblina densa, tempestades ou marés fortes, podem reduzir a visibilidade e dificultar a navegação segura. 
  • Problemas técnicos, como falhas no sistema de sonar, radar, GPS ou outros equipamentos de navegação, também podem contribuir significativamente para o encalhe. 
  • Negligência ou falta de experiência da tripulação em seguir os procedimentos de navegação seguros é outro fator crítico. 
  • Excesso de velocidade em águas desconhecidas ou rasas.
  • Sinalização mal posicionada, devido a composição do fundo do mar, como mudança do leito de um canal devido a movimentação de um banco de areia. 
  • Para prevenir esses incidentes, é essencial que a tripulação esteja bem treinada, que os equipamentos de navegação estejam em perfeito funcionamento, a vigilância seja constante e que as condições meteorológicas sejam monitoradas constantemente.

5. Falhas no casco: as falhas no casco de uma embarcação são problemas graves que podem comprometer a integridade estrutural e a segurança da tripulação. As principais causas dessas falhas incluem:

  • Corrosão, que resulta do constante contato com a água salgada, especialmente em áreas mal mantidas ou onde a pintura protetora está desgastada. 
  • Fadiga do material, provocada por ciclos repetidos de carga e descarga, podem levar a rachaduras e fissuras no casco. 
  • Colisões com objetos submersos, como recifes, destroços ou outras embarcações, são outra causa comum de danos severos. 
  • Impactos repetidos com ondas grandes, especialmente em condições de mar agitado, podem enfraquecer a estrutura ao longo do tempo. 
  • Construção de baixa qualidade ou reparos inadequados. 
  • Para prevenir esses problemas, é crucial realizar manutenção regular, inspeções detalhadas, e utilizar materiais de alta qualidade na construção e reparação das embarcações.

6. Falhas mecânicas catastróficas: falhas mecânicas catastróficas podem ocorrer devido a uma série de fatores, comprometendo a segurança e a operação de uma embarcação. As principais causas são: 

  • Falta de manutenção preventiva, onde componentes essenciais, como motores, sistemas de propulsão e geradores, não recebem inspeções e reparos regulares, levando ao desgaste excessivo e falhas inesperadas. 
  • Uso de peças de reposição de baixa qualidade ou incompatíveis também pode resultar em falhas prematuras. 
  • Problemas de lubrificação, como o uso inadequado de óleo ou falhas nos sistemas de lubrificação, podem causar superaquecimento e danos aos componentes mecânicos. 
  • Erros operacionais, como a sobrecarga de equipamentos e a operação inadequada dos sistemas. 
  • Contaminação do combustível, seja por água ou impurezas, pode causar danos significativos aos motores e sistemas de combustível. 
  • Para evitar essas falhas, é essencial seguir rigorosamente os planos de manutenção, usar peças de alta qualidade, treinar adequadamente a tripulação e realizar inspeções regulares e detalhadas de todos os sistemas mecânicos.

7. Emergências relacionadas com condições climáticas adversas: emergências em uma embarcação causadas pelo mau tempo são situações perigosas que exigem respostas rápidas e eficazes para garantir a segurança de todos a bordo. 

  • Condições meteorológicas adversas, como tempestades violentas, ventos fortes, ondas gigantes e nevoeiros densos, podem desestabilizar a embarcação, danificar equipamentos e reduzir drasticamente a visibilidade. 
  • Podem levar à perda de controle da navegação, fazer com que a embarcação encalhe ou colida com objetos submersos, e até provocar o naufrágio. 
  • A tripulação pode enfrentar dificuldades adicionais, como a incapacitação de sistemas de comunicação e navegação, complicando ainda mais as operações de resgate e socorro. 
  • Para mitigar esses riscos, é essencial um bom planejamento de rota considerando a previsão do tempo, que a tripulação esteja bem treinada em procedimentos de emergência, que a embarcação esteja equipada com sistemas adequados de segurança e que as condições meteorológicas sejam constantemente monitoradas. 
  • Tomar decisões antecipadas, como alterar a rota para evitar tempestades e garantir que todos a bordo usem coletes salva-vidas, pode fazer a diferença crucial em situações de emergência causadas pelo mau tempo.


Equipamentos de salvatagem marítima 

São equipamentos essenciais e muitos deles exigidos obrigatoriamente pela marinha para garantir a segurança dos tripulantes e passageiros em situações de emergência. Eles são projetados para facilitar o resgate e a sobrevivência no mar. A seguir, estão alguns dos principais tipos de equipamentos de salvatagem:

1. Coletes Salva-Vidas: os coletes salva-vidas são categorizados em diferentes tipos com base em suas características de flutuabilidade e uso específico. Nos Estados Unidos, a Guarda Costeira classificou os coletes salva-vidas em cinco tipos principais, cada um com suas próprias características e aplicações.

Tipo I: Coletes de Flutuação Offshore

  • Características: Projetados para fornecer a maior flutuabilidade e são eficazes em águas abertas, onde resgates podem demorar.
  • Uso: Adequados para ambientes marítimos extremos e alto-mar.
  • Flutuabilidade: Pelo menos 22 libras (aproximadamente 10 kg) para adultos.
  • Benefícios: Capaz de virar uma pessoa inconsciente de face para cima, proporcionando suporte para a cabeça e garantindo que as vias aéreas fiquem fora da água.
  • Aplicações: Ideal para embarcações comerciais e recreativas que operam longe da costa.

Tipo II: Coletes de Flutuação Perto da Costa

  • Características: Menos volumosos que os Tipo I, mas ainda eficazes em virar a maioria das pessoas inconscientes de face para cima.
  • Uso: Apropriados para águas calmas e resgates rápidos.
  • Flutuabilidade: Pelo menos 15,5 libras (aproximadamente 7 kg) para adultos.
  • Benefícios: Mais confortáveis que os Tipo I e são geralmente usados em áreas onde é provável que o resgate seja rápido.
  • Aplicações: Ideal para atividades recreativas em lagos, rios e áreas costeiras.

Tipo III: Auxílios à Flutuação

  • Características: Oferecem liberdade de movimento e são mais confortáveis de usar por longos períodos.
  • Uso: Indicados para atividades aquáticas onde o resgate é esperado rapidamente, como esportes náuticos.
  • Flutuabilidade: Pelo menos 15,5 libras (aproximadamente 7 kg) para adultos.
  • Benefícios: Confortáveis para uso prolongado e disponíveis em vários estilos e tamanhos. Não são projetados para virar uma pessoa inconsciente.
  • Aplicações: Usados em esportes como caiaque, vela, pesca e outras atividades recreativas.

Tipo IV: Dispositivos de Flutuação de Lançamento

  • Características: Não são usados, mas lançados para uma pessoa na água. Incluem boias circulares e almofadas de flutuação.
  • Uso: Projetados para serem lançados para alguém que caiu na água.
  • Flutuabilidade: Varia dependendo do design, mas suficiente para manter uma pessoa à tona.
  • Benefícios: Excelente para situações de resgate imediato, fácil de lançar e segurar.
  • Aplicações: Comuns em embarcações de recreio e comerciais, especialmente em áreas onde há maior risco de queda ao mar.

Tipo V: Dispositivos de Flutuação Especiais

  • Características: Projetados para usos específicos, como coletes infláveis automáticos ou híbridos.
  • Uso: Devem ser usados de acordo com as instruções no rótulo para serem eficazes. Incluem coletes para esportes específicos, como windsurf e caiaque.
  • Flutuabilidade: Varia conforme o design e uso específico, mas geralmente proporcionam flutuabilidade similar aos tipos I, II ou III.
  • Benefícios: Oferecem características adicionais ou especializadas, como inflabilidade automática e alta visibilidade.
  • Aplicações: Usados para situações específicas, como coletes para águas bravas, trabalho em docas, e coletes infláveis automáticos para navegação de recreio.

Cada tipo de colete salva-vidas é projetado com uma finalidade específica em mente, desde operações em alto-mar até atividades recreativas em águas calmas. A escolha do colete salva-vidas apropriado deve ser baseada na atividade planejada, condições da água e o tempo de resposta esperado para um resgate.

2. Boias de resgate

  • Boias circulares: Grandes, circulares, com cores brilhantes e frequentemente equipadas com uma linha de resgate.
  • Boias ferradura: Em forma de U, mais ergonômicas para segurar, comumente usadas em veleiros.
  • Bóia Dan (Danforth Buoy):  é um dispositivo de segurança marítima projetado para ajudar na localização de uma pessoa ou objeto que caiu ao mar. Possui uma haste vertical longa com uma bandeira no topo, sobre um flutuador que a mantém erguida na água, facilitando a visualização à distância. Algumas versões são equipadas com refletores e uma luz intermitente ou fixa para visibilidade noturna.

3. Luzes de Salvatagem

  • Luzes Pessoais: Pequenas luzes presas aos coletes salva-vidas que acendem automaticamente ao contato com a água, facilitando a localização à noite.
  • Luzes de Boia: Luzes fixadas às boias circulares para aumentar a visibilidade no escuro.

4. Roupas de Imersão

  • Roupas Térmicas: Feitas de material isolante, ajudam a manter o calor corporal em águas frias.
  • Roupas Secas: Impermeáveis, evitam que a água entre em contato com a pele, oferecendo proteção contra hipotermia.

5. Sinalizadores

  • Sinais Fumígenos: Produzem uma densa fumaça colorida, visível durante o dia, para atrair a atenção de resgatadores.
  • Sinalizadores Pirotécnicos: Flares que produzem luz intensa, visíveis à noite, para indicar a posição da embarcação ou dos sobreviventes.
  • Espelhos de Sinalização: Usados para refletir a luz do sol e enviar sinais visuais para aeronaves ou navios próximos.

6. EPIRB (Emergency Position Indicating Radio Beacon)

  • EPIRB: Dispositivo que emite sinais de socorro via satélite, indicando a localização exata da embarcação ou sobreviventes. Ativado manualmente ou automaticamente ao entrar em contato com a água.
  • PLB (Personal Locator Beacon): Similar ao EPIRB, mas menor e projetado para ser carregado por indivíduos. Útil para atividades em pequenas embarcações ou em terra.

A seguir uma visão geral de seu funcionamento:

a. Ativação:

  • Manual: O usuário pode ativar o EPIRB pressionando um botão.
  • Automática: Alguns modelos ativam-se automaticamente ao entrar em contato com a água.

b. Transmissão do Sinal:

  • Frequência de Emergência: Transmite um sinal em 406 MHz, captado por satélites da rede Cospas-Sarsat.
  • Sinal de Homing: Emite um sinal secundário em 121.5 MHz, ajudando as equipes de resgate a encontrar a localização exata.
  • GPS: Muitos EPIRBs possuem GPS integrado, fornecendo coordenadas precisas.

c. Recepção e Processamento:

  • Satélites: Satélites recebem o sinal e determinam a localização do EPIRB.
  • Centros de Controle: Os dados são enviados a centros de controle em terra, que processam e repassam as informações às autoridades de resgate.

d. Resgate:

  • Equipes de Resgate: Utilizam as coordenadas para localizar e resgatar a embarcação ou pessoa em perigo.

Como testar um EPIRB: testar regularmente o EPIRB garante seu funcionamento correto em emergências. Siga estas etapas para testar seu EPIRB de forma segura:

a. Consulte o manual do fabricante: verifique o manual para instruções específicas sobre como testar o modelo que você possui.

b. Escolher o local e hora adequados: Realize o teste em um local onde o sinal não será confundido com uma emergência real, de preferência fora da água. O teste deve ser feito nos primeiros cinco minutos de cada hora. Evite condições meteorológicas adversas.

c. Modo de teste: A maioria dos EPIRBs possui um modo de teste. Este modo permite verificar a funcionalidade sem enviar um sinal de emergência real. Pressione e segure o botão de teste conforme indicado no manual. O dispositivo geralmente emitirá bipes ou luzes piscando.

d. Verificar indicações de teste: as luzes LED devem piscar de acordo com o padrão especificado no manual. Alguns EPIRBs emitem bipes. Certifique-se de que os sons estão corretos.

f. Revisar resultados do teste: se não passar, consulte o manual para solucionar problemas ou contate o fabricante para manutenção.

Manutenção Regular: 

  • Inspeção Visual: Regularmente, verifique o EPIRB para danos físicos ou corrosão.
  • Bateria: Verifique a data de validade da bateria e substitua conforme necessário.
  • Terminais: Inspecione os terminais da bateria e componentes eletrônicos para sinais de corrosão.

Todos esses equipamentos de salvatagem descritos acima desempenham um papel crucial em aumentar as chances de sobrevivência em situações de emergência marítima. A tripulação deve estar bem treinada no uso correto de cada item e realizar inspeções regulares para garantir que todos os dispositivos estejam em condições operacionais adequadas. Uma localização estratégica fácil desses equipamentos a bordo também é vital para acesso rápido em momentos críticos.


Balsa de salvatagem

Uma balsa de salvatagem, também conhecida como "life raft" em inglês, é um equipamento essencial de segurança marítima projetado para fornecer flutuabilidade e abrigo em caso de abandono de uma embarcação. A seguir, estão detalhes sobre o funcionamento, os tipos e a manutenção de uma balsa de salvatagem.


Funcionamento de uma balsa de salvatagem

1. Armazenamento e ativação:

  • Armazenamento: as balsas de salvatagem são geralmente armazenadas em recipientes rígidos ou bolsas de tecido resistentes a bordo de embarcações.
  • Ativação: podem ser lançadas manualmente ou automaticamente ao entrarem em contato com a água. A ativação pode ser feita puxando um cabo específico que aciona o inflador.

2. Inflagem:

  • Sistema de inflagem: a balsa possui um cilindro de gás comprimido (geralmente dióxido de carbono) que infla a balsa rapidamente quando ativado.
  • Auto-inflável: após a ativação, a balsa se infla automaticamente em poucos segundos, assumindo sua forma correta para uso.

3. Equipamentos e Acessórios:

  • Toldo e águas de lastro: a maioria das balsas é equipada com um toldo para proteção contra intempéries e bolsas de lastro para estabilidade na água.
  • Equipamentos de segurança: incluem remos, kit de reparo, sinalizadores, espelho de sinalização, apito, água potável, e suprimentos de emergência.


Tipos de Balsas de Salvatagem

A quantidade de pessoas para as quais a jangada está classificada está pintada na parte externa da jangada e no recipiente.

1. Costeiras (Coastal Life Rafts):

  • Projetadas para uso em águas costeiras onde o resgate é esperado em poucas horas.
  • Geralmente mais simples, com menos equipamentos de emergência.

2. Offshore (Ocean Life Rafts):

  • Destinadas a longas viagens em alto mar onde o resgate pode demorar mais.
  • Equipadas com mais suprimentos e equipamentos de sobrevivência.

3. SOLAS (Safety of Life at Sea):

  • Atendem aos padrões internacionais de segurança marítima para embarcações comerciais.
  • Equipadas com todos os itens necessários para sobrevivência em condições extremas.


Manutenção e Inspeção

1. Inspeção Regular:

  • Periódica: As balsas de salvatagem devem ser inspecionadas periodicamente conforme as diretrizes do fabricante e as regulamentações marítimas locais.
  • Verificação de Data de Validade: Verificar a validade do cilindro de gás e dos suprimentos de emergência.

2. Serviço Profissional

  • As balsas devem ser enviadas para um centro de serviço autorizado para inspeção e recertificação regularmente (geralmente a cada 1 a 3 anos). Inclui a verificação da integridade do casco, funcionamento dos infladores e condição dos suprimentos.


Utilização da balsa de salvatagem

  • Balsas salva-vidas são geralmente armazenadas no convés em um berço ou em um compartimento sinalizado. Ela é presa a seu berço por tiras ou amarrações, que por sua vez são conectadas a um mecanismo de liberação hidrostática.

  • A liberação hidrostática permitirá que ela infle e flutue livre no caso da embarcação afundar. O mecanismo de liberação irá puxar a cinta de amarração a cerca de 4,5 metros de profundidade soltando a balsa de sua caixa e disparando os cartuchos de CO2 para que ela infle automaticamente.
  • O mecanismo também pode ser acionado manualmente puxando a tira que aciona a liberação hidrostática.
  • As balsas de salvatagem também são equipadas com um cabo de operação (Sea Painter em inglês), que mantém a balsa ligada a embarcação acidentada depois que forem lançadas na água. Este cabo possuí 30 metros de comprimento irá manter a balsa conectada ao convés.
  • O cabo de operação possuí um elo fraco que irá se romper sozinho quando a embarcação principal naufragar e ultrapassar os 30 metros de profundidade.
  • O cabo de operação também pode ser quebrado manualmente quando é puxado com uma força de aproximadamente 30 quilos.
  • Se a embarcação estiver afundando e houver tempo, puxe o cabo de operação antes do elo fraco para aproximar a balsa do costado para permitir o embarque das pessoas sem que elas tenham que saltar na água. Se for necessário amarre o cabo a um cunho ou a um ponto fixo até que o embarque na balsa esteja completo.
  • Uma vez terminado o embarque, pode-se cortar o cabo de operação para liberar a balsa da embarcação principal usando a faca que fica armazenada em um bolso especial, localizado na entrada da balsa.
  • Ao entrar na balsa é comum ouvir o ar escapando devido às válvulas de alívio de pressão automáticas. Isso evita que a jangada infle demais.
  • Se forem necessários reparos, espere 24 horas antes de bombear ar novamente. Se o ruído for devido a um furo no tubo, deve-se usar primeiro as pinças de vedação.
  • A balsa vem equipada com uma luz que é ativada pela água e se acende automaticamente enquanto está sendo inflada. Deixe ela ligada.
  • As balsa de salvatagem são equipadas com um tubo coletor de chuva, que fica pendurado no topo da cobertura para coletar a água da chuva.
  • O primeiro lote de água deve ser descartado devido ao resíduo de sal que possa existir no tubo coletor e no recipiente.
  • NUNCA BEBA ÁGUA SALGADA.
  • As balsas possuem um cabo que passa por baixo dela para que se possa desvira-la caso ela infle de cabeça para baixo. Para endireita-la, deve apoiar os pés no cilindro de CO2 e se jogar para trás puxando o cabo. O ideal é fazer está operação se posicionando a sotavento da balsa, para que quando ela comece a deslocar da água o vento entre por baixo e ajude a levantá-la.
  • Uma linha de vida corre ao redor do costado da balsa, e uma âncora de mal tempo é acionada automaticamente enquanto a jangada é inflada.
  • Se for forçado a abandonar o navio e estiver em um bote salva-vidas, você deverá permanecer nas imediações da embarcação acidentada para facilitar o resgate. Se ela não afundar e continuar flutuando mantenha a balsa atada a ela.
  • Em caso de incêndio, se a balsa estiver a sotavento do fogo, CORTE A LINHA para se afastar mais rápido possível.
  • A balsa deverá conter um kit de primeiros socorros, kit de pesca, sinalizadores, corante marinho e espelho de sinalização.
  • Uma bomba manual permite manter a balsa inflada e, em caso de água fria, bombeie ar para debaixo da balsa para formar uma camada de isolamento entre o fundo do casco e o mar.
  • Uma esponja de celulose e um balde estão incluídos no kit de salvamento para manter o interior seco.
  • O EPIRB em uma balsa salva-vidas deve estar sempre ligado.
  • Se uma aeronave for avistada, use sinais visuais de socorro, juntamente com o EPIRB.
  • Quando a ajuda chegar, se a balsa tiver que ser rebocada, use os anéis em formato D presos na frente da jangada para atar os cabos de reboque.
  • Enquanto estiver no mar, se mais de uma balsa tiver sido lançada, mantenha todas balsas amarradas uma a outra para que elas permaneçam juntas e facilite o resgate.

Durante períodos prolongados em balsas de salvatagem em águas tropicais

  • Tire as roupas durante o dia para diminuir a transpiração
  • Beba bastante água potável.
  • Mantenha a cortina de entrada aberta


Se você chegar à costa em uma de balsa salvatagem, traga-a para terra firme e use como abrigo.


Como subir da água para dentro da balsa de salvatagem ou bote inflável

Métodos de Embarque com colete salva-vidas:

1. Usando uma escada de embarque:

  • Localização: encontre a escada de embarque, que geralmente está anexada à lateral da balsa ou barco.
  • Posicionamento: posicione-se de frente para a escada, segurando firme nas laterais.
  • Subida: coloque um pé no degrau mais baixo, mantendo o corpo próximo à escada. Suba degrau por degrau, utilizando os braços para apoio adicional.
  • Entrada: ao alcançar a borda da balsa ou barco, use os braços para levantar o corpo e entrar de maneira controlada.

2. Usando um cabo de resgate:

  • Localização: Se a balsa possui um cabo de resgate, localize-o e segure-o firmemente.
  • Posicionamento: Posicione-se de costas para a balsa, com as pernas flutuando para cima.
  • Chute: Utilize um movimento de chute forte para impulsionar o corpo para cima.
  • Puxar com os Braços: Simultaneamente, puxe-se para cima com os braços, segurando o cabo de resgate ou a linha de vida que corre ao redor da balsa.
  • Entrada: Uma vez que a parte superior do corpo esteja sobre a borda, gire e role para dentro da balsa.

3. Técnica de Duas Pessoas:

  • Primeira Pessoa: Uma pessoa já a bordo pode ajudar, segurando a mão ou a parte superior do braço do nadador.
  • Segunda Pessoa: O nadador impulsiona o corpo para cima enquanto a pessoa na balsa puxa, ajudando a levantar.
  • Coordenação: Trabalhem juntos em sincronia para evitar desequilíbrios e quedas.


Método de embarque sem colete de salva-vidas:

  • Nade em direção a entrada da balsa salva-vidas.
  • quando estiver bem próximo da balsa aumente o ritmo da natação.
  • ao chegar na balsa segure a linha de vida ou uma alça e sem deixar que as pernas afundem e puxe-a com os braços para baixo do seu corpo até seu abdómen ficar sobre a borda da balsa.
  • passe os braços para dentro da balsa e apoie-se no fundo dela ao mesmo tempo que gira o corpo para sentar na borda com as pernas para o lado de fora ou entre na balsa se arrastando para dentro.

Dicas Adicionais:

  • Mantenha a calma: Mantenha a calma e respire fundo. Movimentos bruscos podem dificultar a subida.
  • Use coletes salva-vidas: Um colete salva-vidas fornece flutuabilidade adicional, facilitando a manobra na água.
  • Evitar sobrecarregar um lado: Distribua o peso uniformemente ao entrar na balsa para evitar o risco de capotagem.


Abandono da embarcação

Somente o capitão pode tomar a decisão de abandonar a embarcação. 

Abandonar uma embarcação é uma medida extrema e deve ser realizada com calma e coordenação. Aqui estão os passos gerais a serem seguidos:

1. Avalie a situação

  • Determine a necessidade: Abandonar a embarcação é a última opção. Certifique-se de que todas as tentativas de resolver a situação a bordo foram esgotadas.
  • Comunicação: Soe o alarme e informe a tripulação e os passageiros sobre a necessidade de abandonar o navio.

2. Prepare-se

  • Use equipamentos de segurança: Vista seu colete salva-vidas corretamente e certifique-se de que todos a bordo façam o mesmo.
  • Reúna Suprimentos Essenciais: Pegue kits de emergência, rádios, lanternas, água potável, alimentos e outros itens essenciais.

3. Envie um pedido de socorro

  • Mayday: Envie um sinal de socorro Mayday pelo rádio VHF (canal 16) ou use um EPIRB (Emergency Position Indicating Radio Beacon) para alertar as autoridades de resgate.

4. Oriente os passageiros

  • Briefing: Instrua todos a manterem a calma e explique o procedimento de abandono.
  • Organize-se: Designar tarefas específicas à tripulação para garantir que todos saibam o que fazer.

5. Prepare os meios de abandono

  • Lançamento da balsa de salvatagem: Se a embarcação possui balsas de salvatagem prepare-as para o lançamento lembrando de:
  •  amarrar o cabo de operação.
  • lançar a balsa a sotavento da embarcação acidentada.
  • puxar a tira do sistema de inflável, caso ele não dispare automaticamente.
  • checar se o EPIRB da balsa está acionado.
  • Distribua os passageiros: Organize os passageiros e a tripulação de modo a equilibrar o peso nas balsas de salvatagem.

6. Abandone a embarcação

  • Ordem de saída: Abandone o navio de maneira ordenada, começando pelos mais vulneráveis (crianças, idosos, feridos).
  • Entrada na água: Se necessário, entre na água de forma segura, saltando com os pés juntos e protegendo a cabeça com as mãos.

7. Agrupe-se

  • Permaneça junto: Ao entrar na balsa salva-vidas ou na água, agrupe-se para facilitar o resgate e para manter-se aquecido.
  • Conte as pessoas: Certifique-se de que todos estão presentes e não há ninguém faltando.

8. Sobreviva até o resgate

  • Siga os procedimentos: Utilize os suprimentos da balsa salva-vidas, como sinalizadores e kits de primeiros socorros.
  • Mantenha a moral: Fique positivo e mantenha todos calmos enquanto aguarda o resgate.
  • Racionamento: Racionar alimentos e água, e manter a balsa organizada e limpa.

Abandonar uma embarcação é um processo que exige calma, coordenação e conhecimento prévio dos procedimentos de emergência. Seguir esses passos pode aumentar significativamente as chances de sobrevivência e garantir que todos a bordo tenham a melhor oportunidade possível de serem resgatados com segurança.