Manobras básicas: desatracar
Desatracar um barco é uma habilidade fundamental para qualquer marinheiro ou capitão, marcando o início de uma navegação. Este processo envolve cuidadosa coordenação e conhecimento das condições marítimas e técnicas de manobras. Antes de desatracar, é essencial realizar uma inspeção minuciosa das condições ao redor da embarcação, incluindo a observação das correntes, ventos e tráfego marítimo. A comunicação eficaz entre a tripulação é crucial, garantindo que cada membro esteja ciente das instruções e procedimentos. O uso preciso dos controles do barco, como leme e propulsão, desempenha um papel vital nesse momento delicado. Desatracar não é apenas uma manobra prática, mas uma arte que exige habilidade, experiência e um entendimento sólido do ambiente aquático. Este processo, quando realizado com destreza, marca o início de uma jornada tranquila e segura pelos mares.
Preparação Prévia: Verifique as condições meteorológicas e da embarcação, os equipamentos de segurança, salvatagem e incêndio, tanques de combustível e água, motores, reversor ou rabeta (nível do óleo, sistema de refrigeração, correias e mangueiras), provisionamento, instrumentos de navegação e comunicação, funcionamento do motor e bombas d'águas. Antes de zarpar deixe seu plano de navegação incluindo a rota planejada com o gerente da marina ou porto de partida com o horário estimado de retorno.
Liberação das Amarrações e controle da embarcação: Desamarre cuidadosamente, soltando as amarras uma a uma considerando o vento, corrente e as outras embarcações. Para deixar o cais, se a embarcação for pequena (até 7 metros, ou 23 pés), basta soltar as amarras e dar um empurrãozinho com a força do próprio corpo para fora. Já em barcos maiores, a utilização dos motores é fundamental, embora uma "mãozinha" também possa ajudar. Utilize propulsão (avante e ré) e leme considerando o sentido de rotação do hélice, para afastar-se do cais de maneira segura. O ideal em toda desatracação é afastar a popa do cais para proteger hélice e leme.Barco com dois motores: Embarcações com dois propulsores afastam a popa do cais quando se dá marcha a ré com o motor do lado do cais. Nesse caso, é necessário ter espaço a ré, porque, além de afastar a popa do cais, o barco se move para trás. Se houver pouco espaço à ré, pode-se virar o leme para o lado do cais, colocar o motor de fora do cais em marcha a vante por alguns segundos e, depois, dar marcha a ré com o motor de dentro. Nessa manobra, a proa normalmente encosta no píer, sendo necessário o uso de defensas ou "uma mãozinha". Sair para a frente usando somente o motor do lado do cais só é possível se houver bastante espaço a vante. Com esses tipos de propulsão, a manobra padrão quando não houver espaço na frente do barco é simplesmente virar o motor para fora e dar marcha a ré devagar.
Barco com motor de popa ou de centro-rabeta: Com esses tipos de propulsão, a manobra padrão para desatracar quando não houver espaço na frente do barco é simplesmente virar o motor para fora e dar marcha a ré devagar.
Barco com um motor e eixo fixo: Embarcações com um eixo fixo são as que têm menos recursos de manobra. É necessário um bom espaço na frente do barco (cerca de dois comprimentos da embarcação. O melhor é sair devagar em marcha a vante e, lentamente, virar o leme para fora, para ir se afastando do cais (não se pode carregar o leme todo para fora, para a popa não bater no píer).
Se não houver espaço para manobrar, o jeito é jogar uma âncora na popa para afastá-la do cais, mantendo um espringue na proa para auxiliar na manobra.
A influência das espias na desatracação: Barcos pesados (de comprimento maior que 12 m) com um motor e eixo fixo podem desatracar usando somente as espias, desde que haja correnteza e/ou vento paralelo ao cais.
Se o vento e/ou a correnteza atingirem o barco pela proa, deve-se deixar o espringue de popa por último para afastar a proa do cais sem que o barco vá para trás.
Se o vento e/ou a correnteza atingirem a embarcação pela popa, deve-se largar por último o espringue de proa. Desta maneira, a popa afasta-se do cais sem que o barco vá para a frente.
A desatracação de um barco requer habilidade, atenção aos detalhes e consciência do ambiente circundante. Desde a verificação dos cabos e amarras até a avaliação das condições meteorológicas e das correntes, cada etapa desempenha um papel crucial para uma desatracação segura e eficiente. Além disso, a comunicação clara entre a tripulação e os marinheiros nas docas é essencial para coordenar o processo de forma precisa e evitar contratempos. Ao empregar técnicas adequadas de manobra e manuseio do leme e espias, é possível desatracar com suavidade e precisão, garantindo uma partida tranquila e segura.