As expedições portuguesas para o extremo oriente

21/09/2023

No início do século XVI, Portugal lançou-se em uma série de expedições pioneiras para estabelecer uma rota marítima direta para o Extremo Oriente, a fim de acessar as ricas regiões produtoras de especiarias. Estas expedições transformaram o país em uma potência marítima e comercial dominante na Ásia.

1. Afonso de Albuquerque e a Estratégia Asiática: Considerado o fundador do império português no Oriente, Albuquerque conquistou estrategicamente o estreito de Ormuz (1507), a cidade de Goa (1510) na Índia e Malaca (1511) no sudeste asiático. Seu objetivo era controlar os principais pontos de navegação e comércio na região. A estratégia portuguesa na Ásia, particularmente durante o século XVI, foi moldada pela combinação de motivações econômicas, geopolíticas e religiosas. A ascensão de Portugal como uma potência marítima levou-o a estabelecer uma rede comercial e estratégica que se estendia desde a costa da África até o Extremo Oriente.

  • 1. Monopólio do Comércio de Especiarias: O principal objetivo dos portugueses era estabelecer um monopólio sobre o lucrativo comércio de especiarias, evitando intermediários e controlando as principais fontes dessas mercadorias.
  • 2. Expansão Religiosa: Paralelamente à expansão comercial, os portugueses também promoveram o cristianismo. Os missionários, particularmente os jesuítas, acompanharam as expedições, buscando converter os povos asiáticos ao cristianismo. Esta missão religiosa andava de mãos dadas com os objetivos políticos e comerciais.
  • 3. Estabelecimento de Feitorias e Fortalezas: Em vez de tentar colonizar vastos territórios, os portugueses optaram por estabelecer feitorias: postos comerciais fortificados que controlavam pontos específicos de comércio e navegação.
  • 4. Política de Casamentos: Afonso de Albuquerque encorajou os soldados portugueses a casarem-se com mulheres locais, uma estratégia que visava criar raízes portuguesas nas regiões conquistadas e solidificar sua influência.
  • 5. Alianças Locais: Os portugueses frequentemente formavam alianças com reinos e entidades locais, seja através de tratados comerciais, acordos militares ou laços matrimoniais.
  • 6. Uso da Força: Embora buscassem frequentemente negociações e acordos, os portugueses não hesitavam em usar a força quando necessário para estabelecer e manter sua presença e interesses.

2. Exploração do Sudeste Asiático:

  • Após a conquista de Malaca, os portugueses avançaram para o arquipélago indonésio, chegando às Ilhas Molucas ou Ilhas das Especiarias (como eram conhecidas), que eram ricas em cravo e noz-moscada.

3. Chegada à China e Estabelecimento em Macau (século XVI):

  • As embarcações portuguesas começaram a frequentar a costa sul da China por volta de 1513. Em 1557, receberam permissão para estabelecer um assentamento permanente em Macau, tornando-se um importante entreposto comercial entre a China e o Japão e entre a Ásia e a Europa.

4. Contato com o Japão (1543):

  • Os portugueses chegaram ao Japão em 1543, inicialmente na forma de mercadores e, posteriormente, missionários. Eles introduziram armas de fogo no Japão e estabeleceram um comércio lucrativo, especialmente entre o Japão e a China, via Macau.

Estas explorações e conquistas proporcionaram a Portugal um quase monopólio sobre o comércio de especiarias do Extremo Oriente durante o século XVI. O controle de cidades estratégicas e rotas marítimas permitiu aos portugueses dominar o comércio entre o Oriente e a Europa até serem desafiados e, em muitos casos, suplantados por outras potências europeias, como a Holanda e a Inglaterra, nos séculos XVII e XVIII. Ainda assim, o legado da exploração portuguesa no Extremo Oriente continua vivo em muitas das regiões que eles influenciaram.